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terça-feira, 30 de outubro de 2007

O resgate da Mulher-esqueleto


“A Mulher-esqueleto é uma história de caça a respeito do amor.” Sua autora a Dra.Clarissa Pinkola Estés, foi brilhante em usar este simbolo para nos mostrar o começo meio e fim de uma vida que pode ser resgatada...eu diria que esta é a minha história, mas tambem pode ser a sua...

Leia com o coração aberto e veja o que ela faz voce sentir.



“Ela havia feito alguma coisa que seu pai não aprovava, embora ninguém maisse lembrasse do que havia sido. Seu pai, no entanto, a havia arrastado até os penhascos, atirando-a ao mar. Lá, os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos. Enquanto jazia no fundo do mar, seu esqueleto rolou muitas vezes com as correntes.Um dia um pescador veio pescar. Bem, na verdade, em outros tempos muitos costumavam vir a essa baía pescar. Esse pescador, porém, estava afastado da sua colônia e não sabia que os pescadores da região não trabalhavam ali sob a alegaçãode que a enseada era mal-assombrada.O anzol do pescador foi descendo pela água abaixo e se prendeu - logo em que! - nos ossos das costelas da Mulher-esqueleto. O pescador pensou: “Oba, agora peguei um grande de verdade! Agora peguei um mesmo!” Na sua imaginação, ele já via quantas pessoas esse peixe enorme iria alimentar, quanto tempo sua carne duraria, quanto tempo ele se veria livre da obrigação de pescar. E enquanto ele lutava com esse enorme peso na ponta do anzol, o mar se encapelou com uma espuma agitada, e o caiaque empinava e sacudia porque aquela que estava lá embaixo lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava, tanto mais ela se enredava na linha. Não importa o que fizesse, ela estava sendo inexoravelmente arrastada para a superfície, puxada pelos ossos das próprias costelas.O pescador havia se voltado para recolher a rede e, por isso, não viu a cabeça calvasurgir acima das ondas; não viu os pequenos corais que brilhavam nas órbitas do crânio; não viu os crustáceos nos velhos dentes de marfim. Quando ele se voltou com a rede nas mãos, o esqueleto inteiro, no estado em que estava, já havia chegado a superfície e caia suspenso da extremidade do caiaque pelos dentes incisivos. - Agh! - gritou o homem, e seu coração afundou até os joelhos, seus olhos se esconderam apavorados no fundo da cabeça e suas orelhas arderam num vermelho forte.
- Agh! - berrou ele, soltando-a da proa com o remo e começando a remar loucamente na direção da terra. Sem perceber que ela estava emaranhada na sua linha, ele ficou ainda mais assustado pois ela parecia estar em pé, a persegui-lo o tempo todo até a praia.
Não importava de que jeito ele desviasse o caiaque, ela continuava ali atrás.
Sua respiração formava nuvens de vapor sobre a água, e seus braços se agitavam como se quisessem agarrá-lo para levá-lo para as profundezas.- Aaagggggghhhh! - uivava ele, quando o caiaque encalhou na praia. De um salto ele estava fora da embarcação e saia correndo agarrado a vara de pescar.
E o cadáver branco da Mulher-esqueleto, ainda preso a linha de pescar, vinha aos solavancos bem atrás dele. Ele correu pelas pedras, e ela o acompanhou.
Ele atravessou a tundra gelada, e ela não se distanciou. Ele passou por cima da carne que havia deixado a secar, rachando-a em pedaços com as passadas dos seus mukluks.O tempo todo ela continuou atrás dele, na verdade até pegou um pedaço do peixe congelado enquanto era arrastada. E logo começou a comer, porque há muito, muito tempo não se saciava. Finalmente, o homem chegou ao seu iglu, enfiou se direto no túnel e, de quatro, engatinhou de qualquer jeito para dentro.
Ofegante e soluçante, ele ficou ali deitado no escuro, com o coração parecendo um tambor, um tambor enorme. Afinal, estava seguro, ah, tão seguro, é, seguro, graças aos deuses, Raven, é, graças a Raven, é, e também a todo-generosa Sedna, em segurança, afinal. Imaginem quando ele acendeu sua lamparina de óleo de baleia, ali estava ela - aquilo - jogada num monte no chão de neve, com um calcanhar sobre um ombro,um joelho preso nas costelas, um pé por cima do cotovelo. Mais tarde ele não saberia dizer o que realmente aconteceu. Talvez a luz tivesse suavizado suas feições; talvez fosse o fato de ele ser um homem solitário. Mas sua respiração ganhou um que de delicadeza, bem devagar ele estendeu as mãos encardidas e, falando baixinho como a mãe fala com o filho, começou a soltá-la da linha de pescar.- Oh, na, na, na. - Ele primeiro soltou os dedos dos pés, depois os tornozelos.- Oh, na, na, na. - Trabalhou sem parar noite adentro, até cobri-la de peles para aquecê-la, já que os ossos da Mulher-esqueleto eram iguaizinhos aos de um ser humano.Ele procurou sua pederneira na bainha de couro e usou um pouco do próprio cabelo para acender mais um foguinho. Ficou olhando para ela de vez em quando enquanto passava óleo na preciosa madeira da sua vara de pescar e enrolava novamente sua linha de seda. E ela, no meio das peles, não pronunciava palavra - não tinha coragem - para que o caçador não a levasse lá para fora e a jogasse lá embaixo nas pedras, quebrando totalmente seus ossos.O homem começou a sentir sono, enfiou-se nas peles de dormir e logo estava sonhando.
Às vezes, quando os seres humanos dormem, acontece de uma lágrima escapar do olho de quem sonha. Nunca sabemos que tipo de sonho provoca isso, mas sabemos que ou é um sonho de tristeza ou de anseio. E foi isso o que aconteceu com o homem.A Mulher-esqueleto viu o brilho da lágrima a luz do fogo, e de repente ela sentiu uma sede daquelas. Ela se aproximou do homem que dormia, rangendo e retinindo,e pôs a boca junto a lágrima. Aquela única lágrima foi como um rio, que ela bebeu,bebeu e bebeu até saciar sua sede de tantos anos.Enquanto estava deitada ao seu lado, ela estendeu a mão para dentro do homemque dormia e retirou seu coração, aquele tambor forte.
Sentou-se e começou a batucar dos dois lados do coração: Bom, Bomm!... Bom, Bomm!Enquanto marcava o ritmo, ela começou a cantar em voz alta.- Carne, carne, carne! Carne, carne, carne!- E quanto mais cantava, mais seu corpo se revestia de carne.Ela cantou para ter cabelo, olhos saudáveis e mãos boas e gordas. Ela cantou para ter a divisão entre as pernas e seios compridos o suficientepara se enrolarem e dar calor, e todas as coisas de que as mulheres precisam.Quando estava pronta, ela também cantou para despir o homem que dormiae se enfiou na cama com ele, a pele de um tocando a do outro. Ela devolveu o grande tambor, o coração, ao corpo dele, e foi assim que acordaram, abraçados um ao outro,enredados da noite juntos, agora de outro jeito, de um jeito bom e duradouro.As pessoas que não conseguem se lembrar de como aconteceu sua primeira desgraça dizem que ela e o pescador foram embora e sempre foram bem alimentados pelas criaturas que ela conheceu na sua vida debaixo d'água.
As pessoas garantem que é verdade e que é só isso o que sabem.”

domingo, 28 de outubro de 2007

A Guerreira Curada


QUEM É A GUERREIRA FERIDA E COMO CURÁ-LA.....
por Sagrado Feminino Soraya F Mariani

No meu trabalho como psicoterapeuta e facilitadora de workshops e círculos de mulheres, tenho encontrado inúmeras mulheres que passam por conflitos, medos, falta de confiança e auto-estima... Existe ainda um sentimento de saudade, saudade para algo sobre o que não existe definição, saudade de si mesma... Mas as dores que mais estão levando a mulher em busca de ajuda é a cura da “Guerreira Ferida”.Quem é a “Guerreira Ferida”? É a mulher independente, confiante, bem sucedida, a mulher que conquistou o seu espaço dentro do mercado financeiro, tendo geralmente excelentes cargo e remuneração. É capaz de resolver qualquer problema e geralmente não pede ajuda, mesmo quando precisa. Conquistou essa posição com muita luta, enfrentando toda a dificuldade que existe para uma mulher ocupar um cargo de confiança em uma sociedade patriarcal.“Durante sua “jornada” essa guerreira, por proteção, veste-se com uma “armadura” e está sempre com sua ”espada” na mão, uma visão simbólica que demonstra estar na defensiva. Acredita que não precisa de companhia, abandonou a fantasia do “Príncipe Encantado”. Algumas vezes essa “Guerreira Ferida” se torna amarga, zangada e se castiga privando-se de vivenciar suas emoções, de demonstrar suas fragilidades. Só que essa “Guerreira”, na realidade, está muito ferida; a dor é sentida na alma, no coração. Ela está cansada de lutar, a armadura está pesada e ela sente que há necessidade de equilibrar o uso da espada.Dentro da psicologia feminina e, citando aqui uma especialista no assunto, Jean Shinoda Bolen, a “Guerreira Ferida” é um dos arquétipos mais presentes na sociedade atual. Shinoda relaciona este padrão fazendo uma comparação entre a mulher contemporânea e as deusas gregas. Nesta visão a “Guerreira Ferida” é a mulher em desequilíbrio entre os arquétipos das deusas Atenas e Afrodite.No meu entender, a mulher teve que despertar este arquétipo da guerreira para sobreviver na sociedade atual. Ela veste suas armas para realizar seus sonhos. Só que não sabe ao certo equilibrar este padrão com as outras faces do feminino que habitam seu coração e ainda a medida certa entre o equilíbrio das energias masculina e feminina.Como curar a “Guerreira Ferida”? Segundo Suzana Kennedy, ”a Guerreira Ferida almeja se transformar em Deusa, mesmo que não pudesse usar essas palavras para descrever o seu desejo. Quem é a Deusa? A Deusa é simplesmente a incorporação do Divino em um corpo feminino. Ela tem discernimento e age com integridade. Ela tem uma essência de paz interior que é inabalável. A Deusa irradia uma energia que é tão poderosamente bela, amorosa e suave, que os outros são atraídos para ela como imã.”É como se as deusas, não ouvidas por séculos, reivindicassem nesse momento seu espaço. Temos que a elas voltar, prestando atenção às vozes de nosso corpo, nosso sentimento, emoção, hormônios, coração e pensamento. E, acima de tudo, sustentar esses achados mesmo quando eles contrariam preceitos milenares.A Deusa pode ter sido uma “Guerreira Ferida”, mas curou suas feridas, equilibrou a face guerreira com as outras faces: a mãe, a amante, a menina, a anciã, a protetora, a espiritualista, a sombra, a luz, etc. Ela sentiu todos os seus medos, anseios, raiva, amor, libertando-se, assim. Ela transformou seus sentimentos, a traição e abandono em confiança e tranqüilidade. Ela aprendeu a olhar para dentro e gostar do que vê. Ela combate o ataque espiritual e físico com amor.A “Guerreira Ferida e a Deusa”: dois arquétipos femininos poderosos. Um cansado e ferido; o outro, radiante e curado.A mulher que vive o padrão da “Guerreira Ferida”, para ser curada, deve reencontrar-se com sua “Deusa Interior” e isso torna-se mais fácil quando a mulher descobre a sua espiritualidade, sentindo que o divino habita dentro de si mesma. Nesse reencontro essa “Deusa Mulher” renasce e sabe desfrutar toda sua feminilidade com coragem que emana do seu coração. Ela confia plenamente no poder de ser mulher, nos seus instintos, no poder do seu ventre sagrado. Ela se liberta de seus sentimentos suprimidos de traição e abandono. Ela equilibra razão e emoção, masculino e feminino... Ela irradia amor, confiança, beleza. Ela também sente o divino em todos os seres, sentindo necessidade de compartilhar a sua descoberta.Curada, essa guerreira reconhece e desperta outros aspectos da Deusa que lhe sirvam melhor em qualquer momento. E em algum momento, naturalmente, ela atrairá um deus para compartilhar toda sua soberania, amor, beleza...Com carinho.

Artigo inspirado no trabalho da Cirandda da Lua com Círculos de Mulheres, em cursos, workshops e atendimentos individuais e no texto “A Guerreira Ferida” de Suzana Kennedy.
Sugestão de leitura:"As Deusas e a Mulher", de Jean Shinoda Bolen-" O pulo da gata - Teca forjaz"

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Os perigos de uma vida não examinada


Para mudar uma vida...

Por sermos uma espécie pensante, temos tendência de cuidar seriamente daquilo que tem mais valor. Cuidamos do motor do carro para não fundir, da casa para não deteriorar, do trabalho para não sermos superados, do dinheiro para não faltar. Alguns se preocupam com suas roupas; outros, com suas jóias e, ainda outros, com sua imagem social.

Mas qual é o nosso maior tesouro ? O que deveria ocupar o centro de nossas atenções ? O Carro, a casa, o trabalho, o dinheiro, as roupas, as viagens? Não! A nossa vida! Sem ela, não temos nada e não somos nada. E sem qualidade de vida, ainda que estejamos vivos, não temos sentido, encanto, saúde e prazer de viver.

Sem qualidade de vida, os riscos se tornam miseráveis; os fortes se tornam frágeis; os famosos vivem uma farsa. Mas será que cuidamos com seriedade da nossa vida como cuidamos das outras coisas ? Raramente.

Quem é mestre em administrar suas emoções ? Muitos governam países, mas são controlados por suas emoções doentes. Quem é especialista em liderar seus pensamentos ? Muitos dirigem empresas, mas são algemados pelos seus pensamentos. Sofrem por pequenos problemas e, o que é pior, por coisas que nunca irão acontecer. Quem destila sabedoria nas derrotas e é um perito em pensar antes de agir ?

Muitos exigem demais de si, trabalham excessivamente, não têm tempo para se dedicar àquilo que mais amam. São dedicados com os outros, mas são péssimos para si mesmos.

Olhe para sua experiência de vida. O que tem feito para ser uma pessoa mais alegre, serena e segura ? O que você tem feito para superar sua impaciência, ansiedade, irritabilidade ? Seja sincero! Aliás, honestidade consigo mesmo é um dos requisitos (mais importantes).

Quanto tempo você tem gasto para viver a vida como uma grande e apaixonante aventura ? Para alguns, a vida se tornou um mercado de rotina, uma fonte de tédio. Acordam, andam, trabalham, do mesmo jeito.

Alguns jovens só conseguem perceber algo errado em suas vidas quando se tornam adultos frustrados, cujos sonhos foram enterrados nos becos da sua história. Alguns pais só conseguem perceber su a crise familiar depois que suas relações com seus filhos estão esfaceladas. Alguns profissionais só conseguem perceber que perderam o encanto pelo trabalho quando ficam deprimidos no domingo à tarde.

Você ouve a voz do seu corpo ? Observe que um barulho no carro nos perturba e nos faz ir ao mecânico, mas muitas vezes nosso corpo grita através da fadiga excessiva, dores musculares, dores de cabeça e outros sintomas psicossomáticos. Ele está nos avisando que estamos estressados e que precisamos tomar atitudes, mas não ouvimos a sua voz. Alguns só ouvem a sua voz quando estão num hospital, enfartados.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007


Serendipity é a capacidade de fazer descobertas importantes por acaso
Aportuguesamento de Serendipity Ing. (1754) Serendip ou Serendib (do árabe Sarandíb), antigo nome do Sri Lanka, + sufixo -ity, palavra criada por Horace Walpole, a partir do conto de fadas Os três príncipes de Serendip, cujos heróis sempre faziam descobertas acidentalmente ou por sagacidade de coisas que não procuravam.

Esta palavra faz parte da minha vida, pois sempre acho coisas muito interessantes e não estava procurando por elas, simplesmente acho-as, e a partir deste achado minha vida toma rumos incríveis, criativos, desafiadores,mágicos,surpreendentes,as vezes assustador, outras dolorido, mas sempre construo com tudo isso minha ponte...aquela pela qual eu terei que passar para chegar onde quero e tambem trazer pra junto de mim as pessoas que precisam chegar até mim.

Assisti um filme com este nome e adorei estou anexando um trecho lindo que esta no youtube,recomendo o filme.
E você o que tem "achado" em seu caminho?o que faz com o que achou? compartilho conosco enviando seu comentário no proprio blog...
Até breve...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Como se vive um grande amor?


Antes de falar sobre algumas suposições sobre encontrar a alma gemea para viver um grande amor, quero esclarecer algumas preciosidades em relação à conquista, ou seja, o antes e o durante. Enquanto você se prepara para conquistar seu grande amor e vivê-lo da forma mais intensa e satisfatória possível, imagine que você está construindo o alicerce de uma casa muito especial, da casa dos seus sonhos. Lembre-se que, caso este alicerce seja construído sem ânimo, sem empenho e sem conhecimento, sua casa desmoronará muito antes do que você imagina ou deseja. Portanto, trate de lançar mão de suas melhores ferramentas, de seus mais profundos conhecimentos e de todos os seus talentos para preparar o melhor dos alicerces ou o melhor dos jardins, onde será plantada sua melhor semente. Existem muitas metáforas que poderiam fazê-lo compreender a importância do antes no longo processo de desenvolvimento do amor, mas basta que você compreenda que ninguém pode dar aquilo que não tem para que comece a cultivar em si mesmo o amor que deseja dar e viver. Isto chama-se auto-estima!!!Outro dia, estava lendo um texto sobre conquista em que o autor ensinava que, para conquistar alguém, devemos nos comportar como um pescador. Ou seja, ele não prepara o anzol e a isca somente depois que visualiza o peixe. Pelo contrário, empenha-se em conseguir a melhor isca, trata de se posicionar no lugar mais estratégico, prepara toda a parafernália necessária, lança a vara no mar e espera... até que a pesca se sinta atraída e vá até ele. Essa é uma ótima comparação. Ou seja, se você ficar esperando até que apareça alguém a quem deseje conquistar, certamente não estará preparado para isso e correrá sério risco de perder a oportunidade.Não dá para viver um grande amor sem antes atrair, envolver e conquistar alguém que nos interesse. Embora o amor seja um sentimento pouco “provado” cientificamente, é possível relacionar alguns detalhes que contam, e muito, para que uma pessoa se torne atraente, envolvente e seja capaz de conquistar a outra. No entanto, devo esclarecer desde já que nada garante o amor. Não há garantias para o amor! O que existem são atitudes que favorecem encontros, que facilitam aproximações e que contribuem bastante para que uma relação de amor se desenvolva e seja satisfatória.Lançando mão desse conjunto de atitudes, inicio a abordagem do tema com algumas dicas preciosas de como você pode se tornar uma pessoa realmente interessante. Afinal, não é fácil atrair, envolver e conquistar alguém se você não acreditar que tem capacidade (ou atributos) para tal proeza. Pois assim, fica impossível viver um grande amor(texto de Rosana Braga - site somostodosum)

domingo, 16 de setembro de 2007

A Deusa Divina Africana


Minha Querida Oxum ( texto de Vera Ghimel - veraghimel@oi.com.br)


OXUM, divindade das águas doces, padroeira da gestação e da fecundidade, protege também as crianças pequenas até que comecem a falar. Orixá do amor, da prosperidade e da beleza, é a mãe de Logunedé, orixá menino.Cultuada como a Senhora do Ouro, soluciona problemas de amor e das finanças. Sua manifestação arquetípica é nas cachoeiras, rios e córregos.Em Oxum, os fiéis também buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões e na vida financeira, tanto que muitas vezes é chamada de Senhora do Ouro.As pessoas de Oxum, principalmente as mulheres, são vaidosas, elegantes, sensuais, adoram perfumes, jóias caras, roupas bonitas, tudo que se relaciona com a beleza. Gostam de chamar a atenção do sexo oposto. São boas donas de casa e companheiras, despertam ciúmes nas mulheres e se envolvem em intrigas. São destemidas diante das dificuldades.Possuem a capacidade do oráculo e são consideradas as melhores Yalaorixás (mães-de-santo) dos terreiros. Não que os outros Orixás não sejam ótimos para o cargo, mas é que quem traz Oxum na cabeça, tem a responsabilidade de cuidar dos filhos-de-santo e tem a capacidade psíquica já desenvolvida.Desde muito cedo descobri ser de Oxum o que me deu muita alegria e uma certa apreensão. Logo de cara descobri o que significava: precisava cuidar das pessoas. Optei pela forma que conhecia, embora soubesse que poderia ser através do culto religioso afro. Não tenho muito talento disciplinar para seguir doutrinas, embora considere necessária a existência delas para organizar a fé, pelo menos até o momento. Sei também que, futuramente, não precisaremos de religião para nos conectarmos com a nossa divindade. Mas os Orixás em nossas cabeças traduzem algumas informações sobre as nossas escolhas por aqui, como por exemplo, Xangô faz você ser interessado pela justiça, Oxosse traz uma alegria natural pelas festas e celebrações, Yemanjá traduz uma vontade grande de ter uma família, Ogum faz você trabalhar com muito afinco, Yansã adora se enfeitar e flertar, Obaluaê envolve você na cura. Ter essas influências é já ter o arquétipo desses comportamentos. É como se fosse uma identidade. Abaixo transcrevo uma pequena evocação :


Orá iiê Oxum,

Salve dourada senhora da pele de ouro,

benditas são suas águas, e essas mesmas águas lavam meu ser, e me livram do mal.

Oxum, Divina Rainha, bela orixá,venha a mim caminhando na Lua cheia.

Traga mãe, em suas mãos, os lírios do amor e da paz.

Torne-me doce, sedutora, suave, como és.

Mamãe Oxum, me proteja, orixá.

Que o amor seja constante em minha vida.

Que eu possa amar a tudo que existe.

Me proteja contra as mandigas e feitiçarias.

Dê a mim o néctar da sua doçura.

E que eu consiga (faça o pedido).

Mãe de ouro, da beleza e do amor, senhora do mais puro Axé,

valha-me hoje e sempre.

sábado, 15 de setembro de 2007

Oração a mim mesmo


Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos.
Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vêa admiração que eles me tême não a inveja que, prepotentemente, penso que têm.Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática,as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.
Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhos.
Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis;aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto,a cada nova flor,a cada novo calor,a cada nova geada,a cada novo dia.
Que eu possa sonhar o ar,sonhar o mar,sonhar o amar,sonhar o amalgamar.
Que eu me permita o silêncio das formas,dos movimentos,do impossível,da imensidão de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque,pelo sentir,pelo compreender,pelo segredo das coisas mais raras,pela oração mental - aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde.
Que eu saiba dimensionar o calor,experimentar a forma,vislumbrar as curvas,desenhar as retas,e aprender o sabor da exuberância que se mostran as pequenas manifestações da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte suprema da natureza,criando-me e recriando-me a cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão,que em vão não sejam minhas dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada,principalmente de mim mesmo:- Que eu não tenha medo de meus medos!Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis,e desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim um homem sereno dentro de minha própria turbulência,sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos,humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas - que eu me mostre o quanto são pequenas minhas grandezase o quanto é valiosa minha pequenez.
Que eu me permita ser mãe,ser pai,e, se for preciso,ser órfão.
Permita-me eu ensinar o pouco que seie aprender o muito que não sei,traduzir o que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências;respeitar incondicionalmente o ser;o ser por si só,por mais nada que possa ter além de sua essência,auxiliar a solidão de quem chegou,render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.
Que eu possa amar e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebogentilezas.
Que Eu jamais fique só,mesmo quando Eu me queira só.
Amém.
(ORAÇÃO A MIM MESMO - Oswaldo Antônio Begiato

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

" O que quer uma mulher?"


DAS BRUXAS À PSICOLOGIAClara Rossana Ferraro de Sá


Ou poderia ser das Trevas à Luz ?
Que tal inverter, voltar no tempo e buscar a luz anterior às trevas?
O mundo mágico, recanto das fadas ?
Iluminar o pequeno.
Encantar-se.
E a alma rejubila
Pingos de essência divina.
Sinta!
É amor.
Perceba!
Está dentro de você.
Existe,
a um só tempo
além de nós.
Nos Devaneios da Vontade, Bachelar nos diz que o feérico por essência,ultrapassa qualquer intuição: desloca sem cessar a admiração. O feérico,potência das fadas, nos insere no mistério do ser, na unidade do ser.
A beleza pronta a piscar e realizar um mundo mágico.
O Cosmos contido na varinha de condão.
O encantamento.
A magia não seria isso, o reencontro com a alegria de ser, de simplesmente existir?
A imaginação borbulhando sonhos de reencantamento do mundo?
Sonhos de unidade, visão transcendente de inteireza, potência e amor, outrora representados pela Grande Mãe.
No Egito, os Mistérios de Ísis, eram celebrados a partir de um ritual matutino e a cada hora uma celebração que só terminava na vigésima Quarta hora com a revelação dos mistérios quando as estrelas brilhavam no céu. A Grande Deusa era invocada e os segredos da vida revigorados, cultuados.
Na Antiga Grécia as crianças de 5 a 15 anos frequentavam o Gymnasiun para cantar,dançar e ouvir os mitos. A educação era para o ser. Primeiro a vida, a alegria, o mistério. Estava presente a imagem de Terpsícore,a musa que preside a dança, aquela que rejubila nos coros, que obtém satisfação plena do desejo, que tem prazer em divertir-se e alegrar-se. A orientação do grupo era da responsabilidade do Misterólogo, o iniciado nos mistérios.
O que aconteceu com esta integração, como se deu o distanciamento desta sensação de plenitude, unidade e encanto?
O que aconteceu na história da consciência humana?
Admirar, contemplar, amar, compartilhar, ser, existir, são verbos do arquétipo do feminino. Desgastados e quase esquecidos pela humanidade enquanto realizou o desenvolvimento do masculino. Uma necessidade que se cumpriu e agora pede o retorno da deusa, desta força do feminino, para que se restaure a unidade do ser, a vida e o sentido de viver. Faz-se necessário o reencontro com a natureza, a harmonia consigo mesmo, a conexão com a fonte de vida.
O conflito entre os deuses patriarcais e a deusa mãe foi se intensificando e os cultos à ela foram se dispersando ou sendo assimilados distorcidamente. Dioniso,deus do êxtase e do entusiasmo, do abandono aos poderes da natureza; Pã , expressão do espírito da natureza selvagem ; Afrodite, deusa do amor, da união sexual, mãe de Eros; tornaram-se objetos da repressão cristã e reapareceram mesclados na imagem do diabo. Suas funções psicológicas submergiram nas profundezas do inconsciente. E a sensação intrínseca de confiança em pertencer à Grande Mãe Natureza deixou de existir reaparecendo séculos após nos sintomas das histéricas de Freud . Corpo, sexualidade e inconsciente/natureza emergem da escuridão para serem reintegrados. E neste fim de milênio as depressões que afligem a alma humana clamam pela busca de sentido, valor principal do arquétipo maior. Mergulhada na morte, a alma contesta os valores esquecidos, exige reflexão em redescobrir os mistérios femininos ligados ao ciclo vida – morte – vida e encaminha para a elaboração da morte simbólica. Faz repensar a questão espiritual , o ser criativo recriando-se, regenerando-se, curando-se dos excessos de violência e agressividade a que a humanidade se submeteu em prol do desenvolvimento da razão.
Nos estudos feitos por Rose Marie Muraro podemos observar a relação homem / natureza / cultura onde na cultura de coleta e de caça aos pequenos animais não havia a necessidade da força física para a sobrevivência e a mulher ocupava o espaço central. Pelo poder de dar a vida, era um ser sagrado. Nesta sociedade não havia desigualdade e o feminino e o masculino governavam juntos.
A supremacia masculina inicia-se na sociedade de caça aos grandes animais. Porém a mulher continua sendo um ser sagrado. Eles não conheciam a função masculina na procriação.
Nestas sociedades cooperativas não havia coerção, ou centralização e sim rodízio de lideranças e as relações homem/mulher eram fluidas, a perda de contato com Eros , o princípio de ligação, aquele que une, relaciona,faz o amálgama, ainda não ocorrera. A agressividade que encontra em Eros seu eterno antagonista só imperava em relação à sobrevivência.
Na medida em que o Pátrio Poder se desenvolve e a lei do mais forte se instala, o uso da agressão se impõe nas relações humanas gerando competitividade, poder, conquista, luta pela posse de um território, guerras. Surge a questão da herança, institui-se o casamento. E a posse sobre a mulher, sua sexualidade, prazer e direito à própria vida se concretiza. Ao dominar a função biológica reprodutora o homem passa a controlar a sexualidade feminina. O poder cultural passa a desenvolver-se em oposição ao poder biológico nato na mulher. A vulnerabilidade permeia a função de parir, a mulher se inferioriza , torna-se dependente e o homem trabalha e domina a natureza.
Nesta escalada do poder a Igreja coloca no sexo o pecado supremo e o poder fica imune à crítica. A Inquisição tem a brilhante idéia de colocar o prazer ligado à fé. A transgressão sexual enredada à transgressão da fé. Normatizam a sexualidade e o prazer. A sensualidade, a intuição, a magia e todas as qualidades relacionadas à plenitude do ser caem na sombra.
Em 1484 foi escrito o Malleus Maleficarum, um código base para o puritanismo. O corpo foi amaldiçoado. A culpa se instalou no íntimo do ser, e passa a controlar a sexualidade até a sua quase abstração.
O conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, o conhecimento feminino em sua essência ou o que restou dele esconde-se nas brumas. Milhares de mulheres que detinham esse conhecimento foram queimadas vivas. Principalmente as parteiras acusadas de matar os recém-nascidos para entregá-los ao diabo.
Através do julgamento e acusação de heresia a Igreja confiscou bens e aumentou seu patrimônio. Instituiu a lei do celibato, uma forma de preservar a riqueza adquirida em nome de Deus.
O Mal, questão que sempre ocupou a humanidade, principalmente os teólogos, está agora determinado. A Igreja parte à procura do anti-cristo, anuncia o juízo final que seria o fim do mal na terra. A divisão está completa. Define-se o que pertence ao bem e ao exército de Deus e o que pertence ao mal, ao exército do diabo.Os demônios são ordenados hierarquicamente, dependendo do bem intrínseco. Satã, significa adversário. Diabolus,vem de dia,dois e de bolus,partes : pois que o diabo mata em duas partes,corpo e alma. Do grego,diabolus significa confinar na prisão, ou queda, já que ele caiu dos céus. O verdadeiro diabo da fornicação, o soberano daquela abominação é Asmodeus, que significa a criatura do juízo e da punição por que em virtude deste pecado uma terrível catástrofe abateu-se sobre Sodoma. Belzebu é o demônio dos iníquos,das almas dos pecadores que abandonaram a fé verdadeira em Cristo.
Os sete pecados capitais : orgulho, ira, inveja, preguiça, luxúria, gula, avareza, precisam ser purgados para se chegar ao Paraíso. O mundo dos instintos transforma-se no fogo do Inferno. A relação com a Mãe Terra é totalmente desvalorizada. Todos os tesouros estão no Céu. A razão, a luz, o bem estão representados no lado direito do corpo e acima da cintura. O umbigo, Ômphalus- em grego significa centro do mundo; marca a divisão. Abaixo não existe Deus, só o pecado e o mal.
" Para a Igreja, o sofrimento e a aniquilação provisória do corpo são menos temíveis do que o pecado e o inferno. O homem nada pode contra a morte mas, com a ajuda de Deus, lhe é possível evitar as penas eternas."
"A morte é certa, só o tempo é incerto."
Uma pedagogia religiosa é implantada para atingir o cristão e conduzi-lo à penitência.
Através de um inventário dos males, verificaram quem tinha medo e do que tinham medo. Generalizaram estes medos e chegaram a seus agentes : Satã, os turcos, os judeus, os heréticos e a mulher, especialmente as feiticeiras.
Assim o medo teológico substitui o medo visceral e espontâneo próprio da angústia de viver e se descobrir humano.
Para Kierkegaard (1844) "a angústia é símbolo do destino humano, a expressão de sua inquietação metafísica. A contra- partida da liberdade sendo então a característica da condição humana e o peculiar de um ser que se cria incessantemente."
Porém o acúmulo de agressões que atingiu o Ocidente entre 1348 até o início do séc.XVII, incluindo o terror à Peste Negra que aniquilou comunidades inteiras, criou um abalo psíquico profundo e ameaçou desagragar toda uma sociedade. Impotência, fobias, inadaptações, desespero, negatividade, regressão do pensamento e da afetividade e principalmente o temor a Satã, marcaram a história deste Ocidente dividido e sem o contato com o feminino regenerador.
A sabedoria da Psique, equilibrou paralelamente a totalidade, orientando o homem para uma relação estreita com a matéria, origem do Hermetismo e da Alquimia. E um saber interior é gerado nas entranhas da matéria. Nasce o homem interior. O espírito é procurado na matéria, na massa difusa e através de várias operações encontra o ouro alquímico, a pedra filosofal,que é obtida na conjunção dos opostos, feminino e masculino se unem novamente em um casamento místico.
Também na Igreja inicia-se o reencontro com a matéria, com a natureza, através do santo dos santos, São Francisco de Assis, nosso santo ecológico. Na mesma época surge Giotto, trazendo para a pintura os elementos da natureza e a perspectiva.
Inicia-se a desrepressão do feminino no exato momento em que o poder masculino domina a terra violentamente.
Na beleza da simultaneidade , em plena idade média, nasce um mito para nos guiar e trazer a resposta, a solução para o conflito. É uma história de Arthur , recontada por Robert Johnson em seu livro Feminilidade, Perdida e Reconquistada.


A questão central é a pergunta : o que realmente quer uma mulher?


" Arthur quando jovem foi apanhado caçando ilicitamente nas florestas do reino vizinho, sendo aprisionado pelo rei. Ele podia ter sido morto imediatamente, pois este era o castigo por transgredir as leis de propriedade e de posse. Mas o rei vizinho, comovido pela juventude e simpatia do rapaz, ofereceu-lhe a liberdade com a condição de que encontrasse a resposta para uma pergunta muito difícil no prazo de um ano. A pergunta: Que realmente quer a mulher? Isto atordoaria o mais sábio dos homens e parecia insuperável para o jovem. Era melhor, porém, ser enforcado, e assim Arthur voltou para casa e se pôs a perguntar a todos que encontrava no caminho. Prostituta e freira, princesa e rainha, sábio e bobo da corte, todos foram inquiridos, mas ninguém conseguiu dar uma resposta convincente. Cada um deles avisou, no entanto, que havia uma pessoa que saberia a resposta, a velha bruxa. O custo seria muito alto,pois era proverbial no reino que a velha bruxa cobrava preços exorbitantes por seus serviços.
Chegou o último dia do ano e Arthur finalmente viu-se obrigado a consultar a velha. Ela concordou em fornecer a resposta satisfatória, mas o preço deveria ser discutido primeiro. E o seu preço era casar-se com Gawain, o cavaleiro mais nobre da Távola Redonda e o amigo íntimo de Arthur. O jovem fitou a velha bruxa horrorizado : ela era horrorosa, tinha um dente só, cheirava tão mal que enojaria até um bode, emitia sons obscenos e era corcunda. Enfim, a criatura mais detestável que já vira. Arthur tremeu diante da perspectiva de pedir a seu grande amigo que assumisse este terrível fardo por ele. Mas Gawain, ao saber do trato, assegurou a Arthur que isto não era pedir demais para salvar a vida de seu companheiro e ainda preservar a Távola Redonda.
O casamento foi anunciado e a velha bruxa revelou sua sabedoria infernal : "Sabe o que realmente quer a mulher ? Ela quer ser senhora de sua própria vida!

Todos reconheceram na hora a grande sabedoria feminina e o Rei Arthur estava salvo. Ao ouvir a resposta, o soberano vizinho sem hesitar concedeu-lhe a liberdade.
Mas e o casamento? ! A corte toda presente, e ninguém estava mais dividido entre o alívio e a tristeza que Arthur. Gawain portou-se com cortesia, delicadeza e respeito. A velha bruxa exibia o seu pior comportamento, devorava a comida do seu prato com as mãos, emitia horrendos grunhidos e cheiros pavorosos. Até então a corte de Arthur jamais se havia sujeitado a tamanha tensão. A cortesia prevaleceu e o casamento se realizou.
Puxaremos uma cortina de prudência sobre a noite de núpcias, com exceção de um momento espantoso. Quando Gawain, preparado para o leito nupcial, esperava sua noiva, ela apareceu na forma da moça mais linda que um homem pudesse desejar! Gawain estupefato perguntou o que tinha acontecido. A moça respondeu que como Gawain a tinha tratado com gentileza, ela lhe mostraria sua aparência horrenda durante a metade do tempo e sua aparência graciosa na outra metade : qual delas ele escolhia para o dia e qual para a noite? Que pergunta mais cruel a ser colocada para um homem! Gawain fez os cálculos rapidamente. Será que ele queria uma linda jovem para mostrar durante o dia , quase todos os seus amigos a veriam, e uma bruxa horrenda à noite na privacidade do seu quarto, ou queria uma bruxa durante o dia e linda nos momentos íntimos? O nobre Gawain respondeu que preferia que sua noiva escolhesse por si mesma. Com isto, ela anunciou que seria a bela donzela para ele tanto durante o dia como de noite, já que ele demonstrara respeito por ela e concedera-lhe soberania sobre sua própria vida."
Carlos Byington nos alerta que : "a repressão da mulher e o ataque a ela como bruxa, devido à projeção nela dos arquétipos da Grande Mãe e da Anima, necessitam ser compreendidos junto com a histeria, que é uma quadro patológico formado basicamente pela disfunção dos arquétipos Matriarcal e de Alteridade. As características desses arquétipos de intimidade, fertilidade, exuberância do desejo, da imaginação, da clarividência esotérica e da expressividade emocional, quando feridas dão margem ao entrincheiramento desses arquétipos numa luta de poder expressa pela magia destrutiva, pela dramatização e sugestibilidade descontroladas, pela fantasia mentirosa, pela agressividade vingativa desproporcional, pelo congelamento das reações afetivas, pelas reações através de sintomas físicos e pela falsidade voluntária."
Assim o caldeirão da bruxa cozinha poções de vingança por uma vida nãovivida, não integrada.
Na origem, as poções feitas em caldeirões eram benéficas. O caldeirão é símbolo de fertilidade e prosperidade. Tanto ele, quanto o vaso alquímico são variantes do mesmo talismã mágico, o Santo Graal. Concedem a eterna juventude. A cocção dentro de um caldeirão é a operação mágica destinada a conceder a imortalidade àquele que sofre a provação. A força mágica reside na água. Para os celtas existiam três tipos de caldeirão : o do deus druida Dagda, um caldeirão de abundância e saciedade. O caldeirão da ressurreição onde jogavam os mortos para renascerem no dia seguinte. E o sacrificial onde os reis depostos se afogavam.
O simbolismo do Graal é análogo ao da cornucópia, além do poder de iluminar ( iluminação espiritual) e fazer invencível, simboliza a plenitude interior que os homens sempre buscaram. A exigência de interioridade que poderá abrir a porta da Jerusalém Celeste na qual resplandece o divino cálice.
"a perfeição humana se conquista não a golpes de lança como um tesouro material, mas por uma transformação radical do espírito e do coração. " E a imagem viva do Graal é Jesus Cristo., em sua mensagem de Amor.
Usado no culto à Grande Senhora da Lua, O Graal continha a água do poço sagrado e num coro ritualístico as sacerdotizas faziam refletir a luz da lua na limpidez da água e celebravam a natureza, a vida e os ciclos eternos, o ir e o vir.
É necessário um retorno ao Eros, à Quarta função ausente na cultura ocidental, a função sentimento com sua característica principal de valorar e dar sentido à vida para que a mensagem de Cristo seja vivida entre os homens.
O mal precisa ser elevado à consciência, pessoal e coletiva, para tornar-se fonte de criatividade.
A feiticeira, que é a antítese da mulher idealizada, símbolo das energias criadoras instintuais, não domesticadas e não disciplinadas precisa ser ouvida. A integração desta sombra tráz de volta a mulher selvagem, que segue seu instinto de preservação, que possui sua energia vital, sexual, que fareja o perigo, que intui a cura e sabe o que a alma está pedindo, que sabe aplacar o sofrimento e pode transmitir o dom da vida.
Esta integridade faz a ponte para a transcendência. É a mulher novamente apresentando-se como agente de mudança para uma nova etapa no desenvolvimento da consciência humana.
BIBLIOGRAFIA
BACHELARD, Gaston – A Terra e os Devaneios da Vontade – SP/1991, Ed. Martins Fontes.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Divina Deusa Mistral


Mulher doadora de vida, de leite, de carne, de amor divinal...cuida e protege e ao mesmo tempo liberta. As vezes foge outra se apega. Sem agua mole ou pedra dura, sem fogo brando ou fogarel... Abraça as horas com força e desamassa...agarra a vida na marra e desentorta.Do mesmo talhe somos feitos, do mesmo corte, a mesma seiva, a mesma argila, temos o mesmo sopro de vida...mas o amor é divinal, e quando o peito transborda ela volta e revolta e doa a vida novamente...livre,amando,sendo e deixando ser - e a Deusa neste momento se mostra Triplice...